1. chego à aula do 1º ano e aviso-os logo de entrada com o ar menos sofredor que consigo..."vocês lembram-se da semana passada em que estavam quase todos doentes? pois bem, hoje é a minha cabeça que está deste tamanho [abro os braços a tal distância um do outro que não chega sequer para demonstrar 10% do som do martelo pneumático a ecoar cá dentro mas que os põe a todos de boca aberta e olhos arregalados]. logo queria pedir-vos se hoje conseguimos treinar a música de Christmas e fazer a ficha o mais baixinho possível." e ao mínimo som de um deles, virava-se um colega, "shiiiiuuu, olha a cabeça da teacher". isso e os beijinhos que o terrorista do Ricardo, a Beatriz e a Bruna me fizeram questão de vir dar mal acabei de falar salvaram-me a aula. e a Tânia a ir dizer no intervalo aos meninos do 4º ano, "falem baixinho que a teacher tem a cabeça muito grande hoje" também ajudou a salvar o dia. conseguem ser uns diabinhos quando querem, mas you gotta love them sometimes.
sozinha no [meu] sossego do quarto sinto as palavras a redemoinhar à minha volta. vou-as apanhando uma a uma, aconchegando-as em ramalhetes simples, o mais simples possível. chamam-me da sala, onde as palavras dos outros me fazem, por momentos, esquecer a ordem das minhas. pego na caneta e só consigo escrever [vazio]. ponho as minhas coisas debaixo do braço e a meio do corredor já as sinto [às palavras], em pézinhos de lã, a voltarem comigo [para mim].
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