à custa de andar sempre à procura de talões, recibos, papéis e papelinhos para escrever comprei um caderno. metade liso, metade pautado. tamanho ideal [cabe milimetricamente na mala]. que sei que pouco irei usar. à custa de andar à procura de papéis pela carteira quando finalmente os encontro as palavras já estão maduras. caem sem custo na folha. encolhem-se em letras minúsculas para melhor se acomodarem entre a referência do produto e o IVA. o espaço e meio destas linhas [e o espaço livre destas meias páginas] causam-nos [ainda] o assombro de nem elas nem eu nos sentirmos maduras o suficiente para nos espraiarmos por ali.
sozinha no [meu] sossego do quarto sinto as palavras a redemoinhar à minha volta. vou-as apanhando uma a uma, aconchegando-as em ramalhetes simples, o mais simples possível. chamam-me da sala, onde as palavras dos outros me fazem, por momentos, esquecer a ordem das minhas. pego na caneta e só consigo escrever [vazio]. ponho as minhas coisas debaixo do braço e a meio do corredor já as sinto [às palavras], em pézinhos de lã, a voltarem comigo [para mim].
Comentários
:D
beijos às 3.