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a quatro mãos.



ela fazia-lhe perguntas estranhas. ele queixava-se da dificuldade mas oferecia sempre mais um bocadinho de si nas suas respostas. ela fazia malabarismo com a clareza e a duplicidade das palavras. ele sugeria escalas e pedia-lhe quantificações de sentidos. ela sorria com a maneira como ele enrolava o "h" no início das sílabas. ele reparou no verniz imperfeito do indicador direito dela. ele queria apreciar a vista do último degrau. ela avisou-o de que quanto mais alto se sobe, mais dói o trambolhão. ele disse-lhe que não a deixava cair.

[ela respirou fundo.]

Comentários

bf disse…
O título podia ser (à la tu)
A dois. Corações
MS disse…
lindo, adorei este post. ele que tenha muito cuidado...
paulotpires disse…
com tão pouco se diz tanto e tão bem...
Anónimo disse…
Besser langsam und bescheiden, wie zu schnell und auf die fresse fliegen ;)
Ich mag die art wie du schreibst.
Weiter so.
BO ;)
Brida disse…
@bf
perfeito...pah, eu não era capaz de um título à la mim melhor :D ainda to vou roubar pra título deste post.

@MS
;)

@Paulo
obrigada...

@Bochum
denke ich (nach ein paar "auf die fresse fliegen" Erfahrungen) auch :)
Schön, dass es hier endlich ein paar Wörter auf Deutsch gibt ;)
Komm öfter vorbei, Bochumer, ehehe :) **
A Coração disse…
Que lindo. Maravilhoso.
Espero que ele não a deixe mesmo cair.
Marta disse…
a mim também não me querem deixar cair...mas não sei até que ponto quero que ele me agarre...

bonito post Brida!
Brida disse…
@diana
esperamos todas, menina :)
**

@marta
já (te) colocaste a questão? :)
**

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as palavras. (VII)

sozinha no [meu] sossego do quarto sinto as palavras a redemoinhar à minha volta. vou-as apanhando uma a uma, aconchegando-as em ramalhetes simples, o mais simples possível. chamam-me da sala, onde as palavras dos outros me fazem, por momentos, esquecer a ordem das minhas. pego na caneta e só consigo escrever [vazio]. ponho as minhas coisas debaixo do braço e a meio do corredor já as sinto [às palavras], em pézinhos de lã, a voltarem comigo [para mim].

feliz.na.vida[d].

e ... eis que este blog também adere à animação versão natalícia lançada pela thunderlady . e só apareço aqui assim, porque a rapunzel diz que é a minha spitting image : um cachecol ou lenço, a máquina sempre por perto. e os livros (conheço pelo menos uma pessoa que acharia que o mundo estava a acabar se eu não tivesse um livro) perguntam vocês? lembram-se de falar não há muito tempo de embrulhos de cantos muito regulares que deixavam adivinhar o que continham? ah pois. hoje já recebi o primeiro. e inesperado. [thanks ;)]. se a imagem pudesse falar desejar-vos-ia felicidade. hoje, amanhã, no natal, no próximo ano. como não pode, desejo-vos eu por escrito :)
E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos    E por vezes encontramos de nós em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos E por vezes fingimos que lembramos E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos o gosto aos oceanos só o sarro das noites      não dos meses lá no fundo dos copos encontramos E por vezes sorrimos ou choramos E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se evolam tantos anos David Mourão-Ferreira [september is the saddest month]