começas por usar frases grandiloquentes repletas de lugares-comuns para me convencer de que sim tens uma predilecção especial pela minha companhia. keep it simple, digo-te eu. se demoras mais do que um minuto a explicar que gostas do calor do sol na tua pele quando tiveres acabado de falar já ele arrefeceu. uma noite seguras-me na mão e dizes-me quase num sussurro: sinto-me bem a teu lado. e o mais simples que consigo é responder-te com um sorriso.
sozinha no [meu] sossego do quarto sinto as palavras a redemoinhar à minha volta. vou-as apanhando uma a uma, aconchegando-as em ramalhetes simples, o mais simples possível. chamam-me da sala, onde as palavras dos outros me fazem, por momentos, esquecer a ordem das minhas. pego na caneta e só consigo escrever [vazio]. ponho as minhas coisas debaixo do braço e a meio do corredor já as sinto [às palavras], em pézinhos de lã, a voltarem comigo [para mim].
Comentários
Lindo... E verdadeiro. O que te arrefece? A mim é o medo...
simples é bom :)
@diana
é. e é tão bom sorrir simplesmente :)
@M
o medo, sim. melhor dizendo, principalmente o medo. o medo das repetições, por exemplo...
(fez-me lembrar a cançoneta dos the gift, e da qual eu até gosto bastante.)*