"não esperes" começava o bilhete "que sinta sempre um aperto no peito, o medo de te perder. não esperes grandes cenas de ciúmes, gestos aflitivos, noites sem dormir. dou-te o que é meu, as minhas mãos, palavras e sentidos. mas também a calma de quem (agora) sabe os seus limites. não esperes que para chegar até ti tenha de ir tão além de mim que já seja outrem. não esperes que eu seja mais fraca do que sou ou mais forte do que alguma vez irei conseguir ser. não esperes (mais) nada. e eu dou-me (a ti) em tudo." ele pousou-o e sorriu. e disse muito baixinho "também gosto muito de ti"
sozinha no [meu] sossego do quarto sinto as palavras a redemoinhar à minha volta. vou-as apanhando uma a uma, aconchegando-as em ramalhetes simples, o mais simples possível. chamam-me da sala, onde as palavras dos outros me fazem, por momentos, esquecer a ordem das minhas. pego na caneta e só consigo escrever [vazio]. ponho as minhas coisas debaixo do braço e a meio do corredor já as sinto [às palavras], em pézinhos de lã, a voltarem comigo [para mim].
Comentários
imitando eugénio cheguei ao pé de ti de mãos vazias
e ao verso onde só por descoragem não lês o teu nome
Miguel-Manso
*não sei se já te tinha mandado isto, mas estive a reler e lembrei-me de ti. Beijos
espera-se que sim, espera-se mesmo que sim :)
beijo
@g
não tinhas. ainda bem que mandaste. do meu eugénio para o "nosso" miguel-manso :)
beijo