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i can picture...


comecei a fotografar para não perder o que [vi]via. transformava muitas coisas em palavras. mas nada dizia tanto da doçura de um olhar como um retrato, da vida de uma cidade como um instantâneo. sempre julguei que nunca iria esquecer determinadas coisas. as ruas da minha infância [que já não encontro por vezes no mesmo sítio]. o padrão dos azulejos da cozinha da minha avó [quebrado por alguns substitutos dissonantes]. o meu jardim secreto noutras paragens [onde passeava, longe tão longe, tão perto de mim]. as noites longas. mas cada vez que os vejo guardados por mim descubro emoções [esquecidas?]. não quero viver em [de?] imagens, mas quero ver para além delas o que já vivi. ontem apeteceu-me fotografar-te. não que tenha medo de me esquecer do teu rosto, mas porque sei que, tal como o primeiro beijo, a primeira vez que descobri que quando sorris ficas com covinhas nas bochechas é irrepetível.


Comentários

A Coração disse…
Simplesmente delicioso. Como sempre.
Thaís disse…
Incrivel

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as palavras. (VII)

sozinha no [meu] sossego do quarto sinto as palavras a redemoinhar à minha volta. vou-as apanhando uma a uma, aconchegando-as em ramalhetes simples, o mais simples possível. chamam-me da sala, onde as palavras dos outros me fazem, por momentos, esquecer a ordem das minhas. pego na caneta e só consigo escrever [vazio]. ponho as minhas coisas debaixo do braço e a meio do corredor já as sinto [às palavras], em pézinhos de lã, a voltarem comigo [para mim].

feliz.na.vida[d].

e ... eis que este blog também adere à animação versão natalícia lançada pela thunderlady . e só apareço aqui assim, porque a rapunzel diz que é a minha spitting image : um cachecol ou lenço, a máquina sempre por perto. e os livros (conheço pelo menos uma pessoa que acharia que o mundo estava a acabar se eu não tivesse um livro) perguntam vocês? lembram-se de falar não há muito tempo de embrulhos de cantos muito regulares que deixavam adivinhar o que continham? ah pois. hoje já recebi o primeiro. e inesperado. [thanks ;)]. se a imagem pudesse falar desejar-vos-ia felicidade. hoje, amanhã, no natal, no próximo ano. como não pode, desejo-vos eu por escrito :)
E por vezes as noites duram meses E por vezes os meses oceanos E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos    E por vezes encontramos de nós em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos E por vezes fingimos que lembramos E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos o gosto aos oceanos só o sarro das noites      não dos meses lá no fundo dos copos encontramos E por vezes sorrimos ou choramos E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se evolam tantos anos David Mourão-Ferreira [september is the saddest month]